Uma “gestão preventiva” e um olhar “com várias lentes”: Como proteger os rios?

Os rios são “absolutamente cruciais” em termos sociais, económicos e ambientais. Por isso, na véspera do Dia Internacional pelos Rios, Francisco Ferreira alerta para os vários tipos de poluição a que os caudais estão sujeitos e defende a necessidade de um entendimento entre Portugal e Espanha e de uma “gestão preventiva” dos rios para uma melhor qualidade das águas e impedir fenómenos como secas ou cheias.

Os rios não conhecem fronteiras, ligam diferentes línguas, culturas, religiões, e unem oceanos, vales e montanhas. Nesta terça-feira, dia 14 de março, assinala-se o Dia Internacional pelos Rios, um elemento geográfico que, para Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, é “absolutamente crucial naquilo que é a história das civilizações e de todo o moldar de uma paisagem, não apenas por milhões de anos dos rios a passarem por um determinado local, mas também por aquilo que está associado aos ecossistemas que eles encerram”.

“Se nós temos ecossistemas cruciais, eles estão ligados direta ou indiretamente aos rios e as sociedades sempre procuraram os rios como forma de terem abastecimento de água, mas também para poderem fazer o transporte de mercadorias e garantir as culturas agrícolas. Os rios são determinantes para aquilo que é a nossa realidade atual em termos sociais, económicos e também ambientais”, afirma Francisco Ferreira.

Como a poluição afeta a qualidade dos rios?

Os rios estão muitas vezes sujeitos a pressões externas, como, por exemplo, a poluição. O presidente da Zero alerta para a carga orgânica, ou seja, “quando pomos demasiados nutrientes nos rios, o que leva a consequências como a eutrofização”. “Quando vemos o caso do Tejo e do Guadiana cobertos de algas, isso representa uma poluição proveniente da agricultura, das águas residuais urbanas e muitas águas industriais. Tem a ver com eu estar a dar azoto e fósforo aos rios”, refere.

“Depois tenho contaminação microbiológica, ligada a determinadas instalações: agropecuárias ou águas residuais urbanas que não são devidamente tratadas. Podemos ter poluição radioativas, é um dos perigos que temos em Portugal por termos uma central junto ao Tejo em Espanha. Temos também poluição térmica, que é quando nós acabamos por aquecer a água dos rios quando essa água é utilizada em circuitos de refrigeração. Temos depois muitos outros poluentes das mais diversas atividades, desde a água residual de cidades e vilas até muita atividade industrial e agrícola”, sublinha.

A poluição prejudica a qualidade da água dos rios em Portugal. Francisco Ferreira explica que há “planos de gestão de região hidrográfica que fazem esse ponto de situação e podemos dizer que ela [a qualidade da água] tem sofrido um agravamento ao longo dos anos em praticamente todas as regiões hidrográficas de Portugal continental, apesar dos investimentos que têm vindo a ser alocados à implementação de muitas das medidas previstas”.

“Perspetivamos uma melhoria destas massas de água com novas medidas destes planos que estiveram recentemente em consulta pública, mas entre o segundo e o terceiro ciclo de planeamento tivemos uma redução de 64% para 49% das massas de água superficiais em bom estado. Há aqui um trabalho de fundo a fazer, mais ainda quando começamos a ter os efeitos das alterações climáticas e temos menos água nos rios e a poluição acaba por ficar mais concentrada e ter mais impactos. Um dos grandes problemas que temos é já esta falta de água doce para alimentar os estuários”, adianta.

Além da poluição, […]

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