Pedro Garcias

Uvas de Alvarinho roubadas em Melgaço e a candonga do “papel” e do “cartão” – Pedro Garcias

Mas no lado de lá da fronteira o preço pode duplicar… Ou seja, as cinco toneladas de uvas roubadas, se vendidas em Espanha, podem render 10 mil euros. Já é dinheiro.

Andava um grupo de vindimadores, na passada terça-feira, a colher uvas de Alvarinho numa vinha que a empresa Lua Cheia tem arrendada na aldeia de Penso, no concelho de Melgaço, quando um deles se apercebeu de algumas videiras já vindimadas. Informado, Francisco Baptista, enólogo e sócio da empresa, desvalorizou, julgando tratar-se de coisa sem significado.

Colher umas uvas em propriedade alheia para comer não é, de uma forma geral, visto como um roubo no meio rural, embora fazê-lo sem pedir autorização possa ser encarado como uma afronta – não pelo prejuízo, mas pela falta de respeito. Claro que há pessoas que nem a pedido aceitam oferecer uns cachinhos. Normalmente, são esses, bem conhecidos em cada aldeia, as principais vítimas. Não é o caso de Francisco Baptista, um viticultor verdadeiramente mãos largas.

À medida que o grupo de vindimadores foi avançando, percebeu que não estava perante um roubo inocente. Feitas as contas, o encarregado estimou que tinham sido roubadas cerca de cinco toneladas de uvas de Alvarinho.

Informado novamente deste prejuízo, Francisco Baptista foi apresentar queixa na GNR local e ficou a saber que não era a primeira vítima (este ano, sim). Pelos vistos, é mais comum do que se pensa roubar uvas de Alvarinho em Melgaço e Monção para fazer negócio.

Nesta sub-região, cada quilo de uvas de Alvarinho é pago entre 1 e 1,25 euros. Mas no lado de lá da fronteira o preço pode duplicar. Ou seja, as cinco toneladas de uvas roubadas, se vendidas em Espanha, podem render 10 mil euros. Já é dinheiro.

O contrabando tem raízes fundas nesta zona minhota raiana. Tudo é traficável, até mesmo uvas, como se vê (não se pode descartar a hipótese de haver quem roube para fazer vinho). Mas o mais usual nem é traficar uvas roubadas. Mais recorrente é negociar o “papel”, como é designada localmente a autorização de produção de cada […]

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