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Vacas, sim! Alarmes, não!

[Fonte: AJAP] Na perspetiva da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, é lamentável que o reitor de uma Universidade conceituada como a Universidade de Coimbra, venha tomar uma medida desta natureza e dimensão, telegraficamente “abolição da carne de vaca nas 14 cantinas daquela instituição”.

Que os políticos menos bem informados sigam caminhos fáceis de populismos infundados, só porque está na moda falar nestes temas é uma coisa, agora um reitor de um importante estabelecimento de ensino superior implementar esta medida, vem causar alarmismo a um setor crucial como é a agricultura e a pecuária.

Se por um lado ainda não sabe muito bem qual vai ser a dieta a facultar nas cantinas da UC, seguramente que ao jantar muitos desses alunos vão ingerir carne, seja ela de vaca, porco, frango, peru, coelho ou outras.

Estamos perante uma notícia alarmante e extremamente prejudicial aos nossos agricultores. Pelo andar da carruagem, os agricultores portugueses temem que venha agora um outro responsável (seja lá do que for), proibir o consumo de leite de vaca, outro o consumo de pão, outro o uso de camisolas de lã das nossas ovelhas, ou até os sapatos de pele, cujas alternativas são as fibras derivadas do petróleo.

Será que alguém já se preocupou, verdadeiramente neste país, com os gases poluentes que libertam os automóveis de alunos, professores, reitores e de todos os cidadãos em geral? Será que transportes públicos e automóveis elétricos não deveriam ser uma excelente alternativa para atingirmos os objetivos do país relativamente à descarbonização?

Portugal é um importador de carne de vaca, o que quer dizer que essa carne, para além de poluir (como dizem) onde foi produzida, ainda mais polui no transporte até chegar a Portugal.

Estamos em período de campanha eleitoral, e parece que muita gente anda em bicos de pés para defender causas sem sentido e causar alarme na população.

As universidades e escolas devem fazer estudos e recomendações, devem colocar à disposição dos seus estudantes nas cantinas mais do que uma opção nas suas ementas, devem preferencialmente adquirir produtos locais frescos, inclusive os diferentes tipos de carne, mesmo alertando para o consumo exagerado deste ou daquele produto, mas é nosso entendimento que não devem tomar medidas radicais desta natureza, pois todos deveríamos ter oportunidade de escolher o que gostaríamos ou não de comer.

Os agricultores são os verdadeiros guardiões da natureza, Portugal arde todos os anos porque a desertificação e ausência de pessoas e agricultores no espaço rural é uma realidade extremamente difícil de combater, até surgiu o conceito de cabras sapadoras e inclusive muitas raças autóctones de vacas também têm esse efeito nos campos, vamos lá chamar-lhe vacas sapadoras ou ovelhas sapadoras e por aí fora.

A Agricultura, nomeadamente na Europa, tem regras cada vez mais apertadas para a produção (e ainda bem), quer para produtos vegetais, quer para o setor dos animais, o que transmite ao consumidor uma enorme garantia de segurança e rastreabilidade dos produtos.

Muito sinceramente, esperamos que esta notícia seja um erro ou algum lapso, caso contrário a Universidade de Coimbra está a ir por caminhos muito delicados, atendendo à biodiversidade de que as nossas vacas se alimentam no pastoreio natural ou semeado com pastagens permanentes, que seguramente fixam muito mais CO2 do que aquele que é emitido pelos animais.

Hoje existem em Portugal cada vez mais explorações pecuárias em Agricultura Biológica e em modo de Produção Integrada, nomeadamente para a produção de carne, e a AJAP tem promovido esses modelos de produção, ainda com mais reflexos positivos no balanço de CO2, do que em modelos mais convencionais, apesar de nestes o balanço também ser positivo.

Prezado reitor, ainda está em tempo de alterar a decisão que tomou, pois perguntamos o que pensam os seus colegas reitores de universidades e institutos que lecionam cursos de agronomia, agropecuária, zootecnia e medicina veterinária, acerca da sua decisão.


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