Vacinas – história, opinião e experiência

“Vacina” é uma palavra com origem no latim “vacca”. Reproduzo a partir do site “Origem das coisas”: “Na Europa no século XVIII havia uma quantidade de doenças, sendo a pior delas a varíola. (…) Poucas pessoas conseguiam ultrapassar a juventude sem contrair varíola e a taxa de mortalidade situava-se entre os 10 e 40%, o que fazia dela a doença transmissível mais temida no mundo.

Nessa época, Lady Mary Montagu, que era a mulher do embaixador inglês em Istambul, reparou que a varíola podia ser evitada através da introdução na pele de indivíduos sãos o líquido extraído de uma crosta de varíola de um indivíduo infetado. Isto provocava a doença mas de forma muito menos agressiva para o organismo. Pensa-se que este método, conhecido por “variolação”, terá tido origem na China. O método foi trazido para a Europa Ocidental e, apesar de ter provocado vários casos de morte por varíola, foi ainda largamente utilizado em Inglaterra e nos EUA até virem a público as investigações do médico inglês Edward Jenner, publicadas em 1796, que se podem considerar como as bases científicas da vacinação.

Jenner tinha decidido investigar uma crença muito popular entre os camponeses, e que era a de que os trabalhadores rurais que lidavam muito diretamente com vacas doentes com a varíola das vacas, conhecida como “cowpox”, e que desenvolviam pústulas semelhantes às dos animais, (uma condição benigna conhecida por “vaccinia”, do latim “vacca”), não eram contagiados com a varíola humana.

Com base nessa investigação, Jenner inoculou um rapaz de 8 anos saudável, que nunca tinha tido nem varíola nem “vaccinia”, com pús de “cowpox”. A criança rapidamente desenvolveu sintomas benignos de “vaccinia” e, mais tarde, foi inoculado com o vírus da varíola humana mas não desenvolveu a doença.

Em resultado da conclusão desta experiência, o vírus causador da “cowpox” passou a substituir o vírus da varíola na técnica de variolação, com a enorme vantagem de causar uma mortalidade muito inferior à deste último (…)”

Alguns pontos de minha reflexão:

1. O processo inicial de vacinação causou vítimas. Depois foi investigado e desenvolvido para ser cada vez mais seguro e isento de efeitos secundários, mas risco zero não existe. Sabemos que usar o cinto de segurança ou ter airbag protege em 99% dos casos e provavelmente prejudica em 1% das vezes, mas não deixamos de usar o cinto por causa disso. Penso que devemos abordar as vacinas da mesma maneira.

2. Apesar dos erros que se cometeram e possam cometer, manifesto a minha confiança na investigação científica e nas medicinas veterinária e humana, cujo saber ensinado nas universidades e praticado nos hospitais é um saber acumulado ao longo de séculos, devidamente registado nos livros (agora computadores) e avaliado pelos cientistas ao longo do tempo. É desse trabalho minucioso de milhares de estudos e investigadores, passando por avaliações e testes de segurança, que se chega às vacinas, antibióticos ou outros medicamentos disponíveis.

3. As vacinas que chegam agora ao mercado são estudadas, produzidas, analisadas e autorizadas pelas mesmas pessoas, empresas e organizações que produzem e analisam as outras vacinas e medicamentos que utilizamos. São recomendadas e administradas pelos médicos e enfermeiros que nos tratam nos hospitais, clínicas e centros de saúde em todas as outras doenças. Se confiamos neles nos outros assuntos, porque havíamos de desconfiar agora?

4. Também os meus animais são regularmente vacinados de acordo com a indicação dos médicos veterinários (inclusive contra o velho coronavírus bovino, que não se transmite aos humanos). Com a sua vacinação evito mortes, sofrimento, prejuízos e reduzo substancialmente o uso de antibióticos para tratamentos.

5. Acho sintomático que muitas pessoas que defendiam ser preciso viver com o risco do vírus e não se preocupavam com as sequelas a longo prazo da doença estejam agora preocupadas com o risco da vacina e os seus efeitos a longo prazo.

O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.


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