O projecto pioneiro de recolha de orgânicos da Porto Ambiente, que assenta na valorização destes resíduos em composto devolvido aos solos para enriquecimento dos mesmos, dá mais um passo na sua estratégia de chegar praticamente a toda a cidade até ao final de 2023, com o alargamento, em parceria com a Lipor, já no mês de Setembro, a mais cerca de 12 mil famílias da cidade do Porto.
Nesta fase, serão abrangidas as zonas da rua de Camões, Alegria, Santos Pousada, Amial, S. Tomé, Costa Cabral e Areosa, sendo os munícipes contactados para esclarecimento de dúvidas e entregue aos aderentes materiais informativos sobre o funcionamento do projecto, um balde de 7 L para as suas sobras alimentares e cartão de acesso ao contentor para deposição destes resíduos, bem como mochila e horta vertical.
Para facilidade de acesso dos munícipes, a estratégia de alargamento do projecto Orgânico preconiza também o reforço do número de contentores de proximidade, com o incremento da instalação de equipamentos até ao final deste ano, para cerca de 650.
«Através desta iniciativa os portuenses, entusiastas desde a primeira hora, permitiram a diminuição de resíduos encaminhados para o indiferenciado, através da recolha de mais de 1.400 toneladas de resíduos alimentares, encaminhados para valorização», refere a Lipor em comunicado.
Recorde-se que este projecto é apenas um dos vetores da estratégia do Porto para a gestão deste tipo de resíduos, que passa, em primeira linha, pela redução e combate ao desperdício alimentar, através de iniciativas como o “Dose certa”, ou o “Embrulha”, ao disponibilizar, gratuitamente, embalagens biodegradáveis aos restaurantes, para que os clientes possam levar as sobras das suas refeições.
Por outro lado, o município disponibiliza também soluções de tratamento local de biorresíduos, como a compostagem caseira (com a entrega de mais de 2 mil compostores) e comunitária, que permite, simultaneamente, uma redução de custos e de impactos ambientais associados ao tratamento centralizado.
Neste âmbito, as duas unidades instaladas em 2021 em agrupamentos habitacionais, envolvem já mais de 140 famílias, apoiadas por técnicos da Lipor, no processo de compostagem para a obtenção de composto orgânico 100% natural, posteriormente aplicado nas suas hortas/casas.
Recorde-se que a recolha selectiva de orgânicos no Porto surgiu em 2006, no sector não doméstico, e conta, actualmente, com mais de 1.200 aderentes.
Em 2018 foi implementada, numa área constituída por habitações unifamiliares, a recolha selectiva porta a porta, de papel, vidro, embalagens/metal e também de resíduos orgânicos, área essa que foi alargada em maio deste ano, tendo este sistema chegado também à zona das Antas. São já praticamente 3 mil famílias aderentes, com um total de 800 t/ano de recolha selectiva.
A expansão da recolha selectiva de biorresíduos é, e continuará a ser, uma aposta estratégica da Porto Ambiente para a promoção da economia circular e para alcançar a neutralidade carbónica na cidade, em linha com os desafios do Pacto do Porto para o clima, cuja gestão e coordenação a empresa municipal Porto Ambiente recentemente assumiu.
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas, Legumes e Flores.