Veio a chuva … calaram-se os profetas da desgraça! Para o ano há mais …

E chegamos ao fim do ano 2022, com as barragens cheias, os aquíferos recarregados, os solos saturados, fruto dum Outono mais chuvoso que se seguiu a um ano particularmente seco … como acontece há milhares de anos em Portugal!

Por onde andam os Profetas da Desgraça, que ainda em Setembro diziam que iriamos ter um Outono quente e seco, que se não chovesse o ano de 2023 seria uma desgraça … calaram-se? será que voltam dentro de alguns meses, caso aconteça uma cheia no Tejo, a contar a história ao contrário, que agora é que vão ser elas, vamos morrer todos afogados? Ou só voltam em Agosto, quando não chover, como habitualmente?

Deixemos de infantilidades, de chorar quando temos fome … no caso, sede! O problema é sério e não se resolve com cíclicos alarmismos desnecessários, cuja única solução é: não bebam, não reguem, não lavem, não usem …!

Esta atitude traduz-se num círculo vicioso perverso, onde Ambientalistas necessitados de “canal” e apoiados por alguns Académicos necessitados de verbas para estudos, desresponsabilizam os Políticos, que passaram a usar as Alterações Climáticas como desculpa para nada prever, antecipar e fazer: “Estamos perante um fenómeno nunca visto! Não estávamos à espera”! É a ciência que o diz!

É tempo de deixarmos de funcionar como a Cigarra, chorando no Verão a água que não se tem, e passar a funcionar como a Formiga, guardando-a quando há, para a distribuir quando em falta.

É hora de aceitar a irregularidade da chuva, que até pode estar ainda mais irregular e extremada, em resultado das alterações climáticas, razão pela qual se deve gerir melhor a água disponível, guardando no Inverno e nos anos húmidos a água para a distribuir no Verão e nos anos secos.

Ao contrário dos tais “Especialistas”, que se limitam a culpar o Povo, que gasta muita água, devemos avançar com soluções que resolvam o problema.

Quando, no Sec 16, faltou água em Lisboa, a solução não foi dizer “usem menos”, foi fazer chafarizes públicos, como o d’El Rey e outros, para abastecer a população e os barcos que partiam para os descobrimentos. No Sec 18, a falta de água na capital, por aumento do consumo (mais população, mais higiene) foi resolvida com o Sistema das Águas Livres. No Sec 19 foi-se ao Alviela buscar mais água. E no Sec 20 fez-se a ligação a Castelo de Bode.

É assim que se resolvem os problemas do País, garantindo, com tempo, os recursos existentes, que permitam a vida normal das pessoas e empresas, o crescimento da economia e o enriquecimento de todos. Há muita água no Inverno, que faz falta no Verão? Armazene-se! Há muita água a Norte, que faz falta no Sul? Transfira-se! O País é só um, e não pode ficar dependente de Espanha.

São 40.000 milhões de metros cúbicos de águas superficiais e subterrâneas nacionais (sem contar com os escoamentos vindos de Espanha, cerca de 16.000 milhões de metros cúbicos, em média), conforme consta do Plano Nacional da Água 2015, documento da Agência Portuguesa do Ambiente, que, em média, Portugal dispõe, naturalmente com grande variabilidade interanual (da ordem dos 30% a 170%), quando os consumos da ordem dos 4.500 milhões de metros cúbicos (11% das disponibilidades nacionais), seguindo para o mar os restantes 35.500 milhões de metros cúbicos (89%).

Centremos o problema: não haverá escassez de água em Portugal. Quando muito, haverá menos abundância! A longo prazo, alguns estudos mais extremistas sobre as alterações climáticas apontam para cenários gravosos, com redução da ordem dos 30% das disponibilidades em … 2100! Mas, mesmo que assim seja, as disponibilidades nacionais serão, então, de 28.000 milhões de metros cúbicos, e os consumos poderão, eventualmente, duplicar, para 9.000 milhões de metros cúbicos, cerca de 32% das disponibilidades de então.

Conclusão: Deixemo-nos de alarmismos e desculpas que nada resolvem! Planeemos! Trabalhemos! Façamos barragens, açudes, estações elevatórias, canais e redes de distribuição, para pôr a água no tempo e local onde for precisa, desenvolvamos o País com recursos próprios, não importados, na lógica d economia de proximidade e circular! Criemos condições às populações rurais para aí se manterem com a devida qualidade de vida, numa lógica de complementaridade com as áreas urbanas

Manuel Hosltein Campilho, Engº Agrónomo
Jorge Avelar Froes, Engº Agrónomo
Miguel Holstein Campilho, Gestor da Direção da Associação +Tejo


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