Verónica Policarpo tem dois milhões de euros para estudar como os animais recuperam de incêndios florestais

Investigadora do Instituto de Ciências Sociais recebe bolsa de consolidação do Conselho Europeu de Investigação para tentar compreender o período de recuperação de animais após grandes incêndios.

Aprender com os animais – esta tem sido um grande objectivo de Verónica Policarpo nos últimos anos. Agora, recebeu uma bolsa de dois milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) para explorar o que podemos aprender com os animais sobre a sua resistência e recuperação a incêndios florestais. Com este financiamento, pretende constituir uma equipa que olhe para esta questão e fazer uma comparação sobre o que acontece em três países com grandes fogos: Portugal, Brasil e Austrália.

“O projecto financiado é sobre animais em contextos de catástrofe, em particular de fogos florestais”, introduz ao PÚBLICO Verónica Policarpo, socióloga do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

O seu grande objectivo neste trabalho será tentar compreender o período de recuperação de animais após grandes incêndios. Embora se tenha em conta o que acontece na fase de emergência, o foco será na recuperação. “O projecto pretende aprender com os animais e observar como eles estão a reocupar os territórios ardidos”, esclarece a investigadora. “Vamos tentar aprender com eles a construir o modo de viver com o fogo, com as alterações climáticas e com os desastres que decorrem das nossas maneiras de gerir o território.”

E, como faz questão de realçar, tentar-se-á “construir um conhecimento que seja multi-espécies”. O que quer isso dizer? Um conhecimento que não só orientado para os seres humanos e apenas inspirado no que os humanos sabem ou fazem acontecer. Entram nessa equação outras espécies. As atenções estarão assim viradas para Portugal, Brasil e Austrália.

O projecto entrará em acção no próximo ano, mas Verónica Policarpo adianta-nos já alguns pormenores sobre o que o financiamento agora atribuído permitirá. Primeiro, vai constituir uma equipa para trabalhar consigo sobre estas questões. “Isto é uma das coisas muito importantes que esta bolsa, que é de consolidação, permite: dá-nos recursos para reunir pessoas.” As bolsas de consolidação do ERC apoiam investigadores a meio da carreira a consolidar as suas equipas e a prosseguir com investigações pioneiras nas suas áreas. Este financiamento faz parte do Horizonte Europa, o programa de financiamento da investigação científica na Europa.

Verónica Policarpo perspectiva que, ao longo de cinco anos (a duração do projecto), trabalhem nele à volta de oito pessoas. Algo fundamental será também a formação de uma equipa interdisciplinar: além si, que é socióloga, quer que entrem neste tema biólogos, ecólogos, geógrafos ou antropólogos.

A investigadora também nos conta o que propõe ao longo deste projecto. Primeiro, refere que pretende olhar para o enquadramento normativo, ou seja, para o que existe ao nível de documentos oficiais nos três países seleccionados. No fundo, vai investigar como os animais surgem enquadrados nesses documentos, como planos de resgate. Depois, vai também ter em consideração o discurso que é publicado, ou seja, como os meios de comunicação social tem mencionado os animais em fogos florestais.

Governança com os animais

Numa segunda fase, passar-se-á para o terreno e far-se-ão observações em áreas escolhidas nos três países. No Brasil, será numa região da […]

Continue a ler este artigo no Público.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: