Vidigueira quer vinho de talha no Inventário Nacional a pensar na corrida à UNESCO

A Câmara de Vidigueira, no distrito de Beja, quer inscrever a produção artesanal de vinho de talha no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial para entregar, depois, o dossiê de candidatura à Comissão Nacional da UNESCO.

“O dossiê já foi entregue para inscrição no Inventário Nacional. Agora, é a avaliação da Direção-Geral do Património Cultural e, depois, a candidatura à UNESCO”, revelou hoje à agência Lusa o presidente da Câmara de Vidigueira, Rui Raposo.

Este município lidera o projeto de candidatura da produção artesanal de vinho de talha a Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Segundo o autarca alentejano, o dossiê da candidatura para inscrição no Inventário Nacional foi entregue no passado dia 23 de setembro, aguardando-se agora uma decisão da Direção-Geral do Património Cultural.

“Foi-nos dito que, até ao início de dezembro, teríamos uma reunião com a Direção-Geral do Património Cultural” para que fosse comunicado o resultado da avaliação da candidatura, disse.

Rui Raposo estimou que, caso a produção artesanal de vinho de talha seja inscrita no Inventário Nacional, a candidatura possa vir a ser formalizada, “no início do próximo ano”, junto da Comissão Nacional da UNESCO.

Assinalando que o projeto de candidatura começou, “em 2016”, apenas “com quatro municípios”, o presidente do município salientou que, em 2017 e 2018, o processo foi “alargado a todo o Alentejo” e envolve agora “22 municípios”.

Além da Câmara de Vidigueira e de outros 21 municípios da região, o processo de candidatura ao Inventário Nacional e à UNESCO mobiliza também sete entidades.

As outras autarquias envolvidas são Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Arronches, Borba, Beja, Campo Maior, Cuba, Elvas, Estremoz, Évora, Ferreira do Alentejo, Marvão, Mora, Moura, Mourão, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Santiago do Cacém, Serpa e Viana do Alentejo.

Já as entidades são o Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e a Vitifrades – Associação de Desenvolvimento Local.

De acordo com a CVRA, em Portugal, “o Alentejo tem sido o grande guardião” do vinho de talha e tem “sabido preservar” a prática de vinificação criada pelos romanos, com mais de 2.000 anos.

“Seguindo os processos mais clássicos ou adotando alguma modernização, o vinho de talha mantém-se como um produto único, sublime representante da milenar cultura do vinho no Alentejo”, disse.

Ao longo dos tempos, a técnica de produzir vinho em grandes vasilhas de barro, conhecidas como talhas, foi passada de geração em geração, “de forma quase imutável”.

Não há apenas uma forma de fazer vinho em talhas, já que a produção varia ligeiramente consoante a tradição local, mas, segundo a forma mais clássica, que “pouco mudou em mais de 2.000 anos”, as uvas esmagadas são colocadas dentro de talhas e a fermentação ocorre espontaneamente, explicou a CVRA.

Se, em 2014, havia quatro produtores deste tipo de vinho na região, no ano passado, a CVRA já contabilizou um total de 23, que produziram cerca de 181 mil litros de vinho de talha (dos quais perto de 74 mil certificados como Vinho de Talha – DOC Alentejo).


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