Vinhais estuda os solos para proteger castanha das alterações climáticas

O concelho de Vinhais está envolvido num projeto de investigação para proteger das alterações climáticas a castanha, que é a principal fonte de rendimento da população desta zona do distrito de Bragança, foi hoje divulgado.

Como reter a água dos solos para garantir a manutenção das árvores centenárias responsáveis por um dos produtos agrícolas mais rentáveis de Trás-os-Montes é o propósito do projeto de investigação que envolve organizações do setor e do ensino superior.

A associação florestal Arbórea de Vinhais é um dos parceiros e o presidente Abel Pereira explicou hoje, à margem da apresentação da Feira da Castanha, que decorre entre 05 e 07 de novembro, que se trata de mais uma ação para combater as ameaças ao castanheiro.

O concelho de Vinhais é um dos maiores produtores de castanha nacionais e está envolvido no projeto de intercâmbio internacional que tem como parceiros, do lado português, a Arbórea juntamente com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ( UTAD) e várias entidades de investigação.

Segundo Abel Pereira, os parceiros têm vindo a desenvolver vários trabalhos na área da fertilidade e da manutenção do solo, em que se inclui este projeto para saber como evitar perder mais água e equilibrar a nutrição dos soutos.

O castanheiro, mas também outras espécies locais como a azinheira e o carvalho negral, estão a braços com os problemas hídricos causados pelas alterações climáticas que, como explicou, estão a secar “e às vezes, não é pelas precipitações médias, que ainda não são tão baixas como isso nalguns anos”.

Acima de tudo, segundo disse, tem a ver com as “flutuações que existem, com picos de chuvas e de calor demasiados intensos” e o objetivo da investigação é perceber como reter ou equilibrar a presença de água nos solos.

Aos problemas causados pelas alterações climáticas juntam-se outras ameaças à produção como a praga das vespa das galhas do castanheiro que seca as árvores e, nos últimos anos, tem sido combatida com a largada de um parasitóide.

Segundo Abel Pereira, “há quem diga que está resolvido”, mas os parceiros locais vão confirmar no terreno com a recolha de 200 pontos de amostragem no concelho de Vinhais para saber se o parasitóide se instalou e tem condições de continuar a combater a praga naturalmente.

O presidente da Arbórea perspetiva que “lá para fevereiro” de 2022 haverá dados concretos sobre a eficácia do tratamento e como proceder daqui para a frente.

Com o apoio de um milhão de euros de fundos comunitários, resultado de uma candidatura feita pela Câmara Municipal, o setor tem garantido também apoio para o combate a esta praga e outras ameaças como as doenças da tinta e do cancro do castanheiro.

A maior fatia, concretamente cerca de 700 mil euros, destina-se ao tratamento do cancro e já foi lançado um concurso para ser iniciado, segundo o presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes.


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