Vinhos: o eldorado era ali, olhar para trás nem sempre é aconselhável – João Paulo Martins

João Paulo Martins revela semanalmente os segredos do mundo dos vinhos

Quando eu era pequenino e a TV apenas tinha um canal a preto e branco, havia anúncios curiosos e alguns, sem que saiba porquê, ficaram-me na memória. Um deles era o da família Prudêncio. Era um desenho animado que nos mostrava a vida de uma família que vivia da agricultura. Como era sugerido, na época usava-se e abusava-se de produtos químicos na agricultura. A toxicidade era tal que, mostrava o anúncio, se deveriam queimar latas, sacos, despir roupa e lavar com cuidado para não haver problemas. Era a época de ouro do 605 Forte, do Shelltox, do DDT e outros venenos que, hoje, só de pensar, nos põem os cabelos em pé. Pensando bem, e tendo memória, nós percebemos que atualmente a agricultura é muito mais amiga do ambiente e que a conversa dos “velhinhos é que sabiam” e que o glifosato é hoje o veneno dos venenos, é uma tontice.

O que temos a aprender com (os erros) dos velhinhos são duas coisas: em primeiro lugar que o vinho, se fica ‘pra ali’, às vezes sai bem e, outras, azeda; ele não se faz sem apoio. A não intervenção sem ciência que a suporte dá nisto e tem muito mais chances de dar asneira do que originar algo de bom. E, em segundo lugar, o glifosato usa-se onde é preciso e não mais do que é preciso; e falar do glifosato como se de um monstro se tratasse e esquecer a carrada de químicos que estão presentes em toda a cadeia alimentar é sinal de querer tapar o sol com a peneira. O eldorado não era dantes, qual aurea medio­critas, em que tudo se desenrolava segundo os ciclos da natureza, sem sobressaltos, sem pragas, sem tratamentos. […]

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